A cachaça, aguardente feita da cana-de-açúcar, é, sem margem a
contestação, a bebida típica do povo brasileiro. Ela representa para o
Brasil o que a tequilla representa para o México e a bagaceira para
Portugal. Está presente não apenas nas conversas de balcão das vendas e
bodegas do Brasil rural e suburbano, mas é obrigatória, igualmente, nas
ocasiões festivas especiais como, por exemplo, nas festas de batizado,
misturada ao mel de abelha e ao suco de maracujá, conhecida como
“cachimbo” ou “cachimbada”; é, também, componente indispensável nos
velórios no meio rural; assim como muito usada no preparo de
medicamentos populares, nas “garrafadas”, além de fazer-se presente nos
rituais de candomblé. Isto nos dá a medida de quanto a cachaça perpassa o
cotidiano do brasileiro.
Como nos informa José Calazans, um dos
mais renomeados estudiosos do assunto, a cachaça, mereceu entre nós
versos de significativa louvação, bem expressando a sua importância
cultura nacional:
"A cachaça alegra os tristes
Melhora quem está doente
Faz aleijado corrê
E cego vê de repente."
Não há exagero, portanto, em afirmar que não é possível o conhecimento
da cultura do povo brasileiro sem a inclusão da “branquinha”, tão
significativa é a sua presença no dia-a-dia da nossa gente,
independentemente de classe social. Não é, portanto, de admirar tenha a
“imaculada” constituído objeto de especial atenção por parte dos nossos
etnógrafos e cientistas sociais em geral.
Texto de Sebastião Vila Nova.
Foto: Cavic