O pesquisador, escritor e degustador de Cachaça
Marcelo Câmara divulgou algumas “revelações sobre personalidades da
política e da cultura brasileira”. São textos elaborados por ele sobre
fatos e curiosidades de várias personalidades brasileiras, uma delas é
do escritor Graciliano Ramos, onde escreve sua preferência pela cachaça
Azuladinha, bebida que tem a característica de ter cor azulada devido a
destilação com cascas de mexerica ou tangerina. A cachaça Laranjinha Celeste é produzida dessa maneira, o cheiro remete a mexerica diferente
do que é relatado no texto do Macelo Câmara. Confiram:
Graciliano Ramos –
O genial escritor, ateu, tinha a Bíblia como livro de cabeceira, e só
bebia cachaça. E foi assim durante toda a vida. Um amigo meu, seu
vizinho no Catete, Rio de Janeiro, me contou que o autor de “Vidas
Secas” tinha como companheira uma pinga de nome Azuladinha, do Engenho
de Bernardo Rollemberg, de Coruripe, das Alagoas. Degustei-a em 1995.
Cachaça mediana, apenas bebível, longe da Excelência Sensorial.
Aliás,
o nome da pinga – Azuladinha – é, na verdade, um diminutivo do tipo de
cachaça Azulada (pela lei em vigor, hoje, “Cachaça composta”), nascida
em Paraty, no Século XIX. Trata-se de uma cachaça nova, branca, que
recebe na panela do alambique folhas de tangerina, conferindo-lhe,
contra a luz, um tom azulado.
Não
há mudança no aroma ou no sabor. No início do Século XX, o Nordeste se
apropriou do nome “Azulada”, transformando o tipo de cachaça em várias
marcas de cachaça, substituindo as folhas de tangerina por cascas de
banana d’água, o que provoca o mesmo efeito cromático.
Ilustração: Cavic