terça-feira, 23 de agosto de 2016

Cachaça e Literatura



O pesquisador, escritor e degustador de Cachaça Marcelo Câmara divulgou algumas “revelações sobre personalidades da política e da cultura brasileira”. São textos elaborados por ele sobre fatos e curiosidades de várias personalidades brasileiras, uma delas é do escritor Graciliano Ramos, onde escreve sua preferência pela cachaça Azuladinha, bebida que tem a característica de ter cor azulada devido a destilação com cascas de mexerica ou tangerina. A cachaça Laranjinha Celeste é produzida dessa maneira, o cheiro remete a mexerica diferente do que é relatado no texto do Macelo Câmara. Confiram: 

Graciliano Ramos – O genial escritor, ateu, tinha a Bíblia como livro de cabeceira, e só bebia cachaça. E foi assim durante toda a vida. Um amigo meu, seu vizinho no Catete, Rio de Janeiro, me contou que o autor de “Vidas Secas” tinha como companheira uma pinga de nome Azuladinha, do Engenho de Bernardo Rollemberg, de Coruripe, das Alagoas. Degustei-a em 1995. Cachaça mediana, apenas bebível, longe da Excelência Sensorial.
Aliás, o nome da pinga – Azuladinha – é, na verdade, um diminutivo do tipo de cachaça Azulada (pela lei em vigor, hoje, “Cachaça composta”), nascida em Paraty, no Século XIX. Trata-se de uma cachaça nova, branca, que recebe na panela do alambique folhas de tangerina, conferindo-lhe, contra a luz, um tom azulado.
Não há mudança no aroma ou no sabor. No início do Século XX, o Nordeste se apropriou do nome “Azulada”, transformando o tipo de cachaça em várias marcas de cachaça, substituindo as folhas de tangerina por cascas de banana d’água, o que provoca o mesmo efeito cromático.





Ilustração: Cavic