domingo, 12 de junho de 2011

Cachacier é o Cacete!


Brasil, ainda somos colônia!?

O estrangeirismo esta presente na nossa língua e cultura, vemos que em algumas situações isso é exposto de forma exagerada. As pessoas gostam de usar termos envolvendo uma linguagem estrangeira, acreditam que estão sendo cultas ou que isso traga certo prestígio. Vejo que não passa de expressões inúteis que cada vez mais é absorvida por indivíduos que não valorizam a sua cultura local buscando um vocabulário ou mesmo costumes relacionados ao jeito de viver dos norte-americanos e de outros países europeus.

O pesquisador e degustador de cachaça Marcelo Câmara ao desenvolver um curso de Formação Básica de Degustador de Cachaça – Amador e Profissional na cidade do Rio de Janeiro teve uma matéria publicada na Folha edição 09/06/2011 onde foi usado o termo “cachacier” para definir o “degustador de cachaças”. Devido a esse estrangeirismo exacerbado escreveu uma carta a Folha de SP a tal publicação.

Confiram um trecho do texto:

A expressão canhestra não denomina, não denota, não expressa, nem ao menos sugere conotação com o trabalho do Degustador de Cachaças. Nada significa. Com ela, alguns querem substituir, também, as palavras “Cachaçólogo” (estudioso, pesquisar da cachaça) e “Pingófilo” (bebedor e amante da boa pinga), palavra que criei há vinte anos. Trata-se de mais um mimetismo tolo e burro, um macaquismo irracional, descabido, um modismo vazio, que, desgraçadamente, tem fascinado alguns editores e povoado certa mídia superficial, capenga e precipitada, da qual a Folha não faz parte. O texto chama a mim e aos participantes do Curso de “cachaciers”, uma das asneiras anuladas durante o Curso. Eu rechaço: “Cachacier é o cacete!”. A reportagem, por esta e outras invenções e desvios, é torta e infiel, desastrosa para quem ama de verdade e promove com seriedade a bebida brasileira. Não reportou os fatos do Curso, nem, ao menos, o seu espírito. Contraria e desmente idéias, a linguagem e propostas expostas por mim e, manifestamente, assumidas pelos participantes do evento. E tenta ocultar e reduzir, no mínimo ironizar, todo o meu pensamento sobre a atividade amadora e profissional do Degustador de Cachaças e sobre a bebida brasileira, trabalho que desenvolvo, consciente e responsavelmente, há mais de quarenta anos. Em síntese: quase tudo que foi publicado nada tem a ver com o que realmente aconteceu em Ipanema”.

Marcelo Câmara



Fotos: Cavic